As florestas desafiam uma lei que permeia toda a natureza.
O que torna os fractais tão fascinantes são seus padrões auto-repetidos que se estendem infinitamente nas profundezas.
Ao examinar mais de perto as ramificações em folhas de samambaia e flocos de neve, percebemos que eles se repetem em escala reduzida. Por vezes até mesmo alcançando a escala atômica e quântica.
Embora esses padrões geométricos sejam intrigantes, eles podem ter limitações.
Um novo estudo descobriu que as copas das florestas não seguem os padrões fractais das árvores individuais.
O Estudo
Com base na ampla presença de fractais na natureza, os biólogos Fabian Fischer e Tommaso Jucker, da Universidade de Bristol, decidiram investigar se os padrões fractais poderiam explicar a organização das copas das florestas.
Eles especularam que se os padrões fractais se estendessem dos pequenos galhos e folhas de uma única árvore até as copas inteiras das florestas, isso poderia simplificar a descrição de paisagens complexas para os ecologistas.
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“Cientificamente, essa auto-similaridade tem a vantagem de permitir a descrição de objetos aparentemente complexos com regras e números simples”.
Fabian Fischer.
A ideia era a seguinte:
- se as copas das florestas se comportassem como fractais, isso poderia ser usado para medir a complexidade dos ecossistemas florestais e
- comparar as diferenças estruturais em florestas ao redor do mundo.
A complexidade estrutural das copas das árvores é fundamental para funções vitais dos ecossistemas, como o armazenamento de carbono e a manutenção da biodiversidade.
Embora alguns estudos anteriores tenham sugerido evidências de padrões fractais em florestas irregulares ou afetadas por incêndios, não estava claro se isso era uma propriedade genuína das paisagens florestais.
- Para investigar, Fischer e Tommaso analisaram dados de nove tipos distintos de florestas na Austrália, variando de matagais secos a densas florestas tropicais.
- Contrariamente à expectativa, a análise revelou que nenhuma das nove seções das copas florestais seguia padrões fractais além das árvores individuais.
- No entanto, havia alguma consistência nas características das florestas e em como elas se desviavam dos padrões fractais, o que ainda poderia ser útil para comparações de ecossistemas.
“Descobrimos que as copas das florestas não são fractais, mas há semelhanças em como elas se desviam da fractalidade, independentemente do tipo de ecossistema”, diz Fischer.
Esse resultado inesperado sugere que há mais complexidade nas florestas do que se pensava inicialmente, desafiando a simplificação matemática.
Essa complexidade continua a intrigar os pesquisadores. E de certo modo, os incentiva a investigar uma gama mais ampla de ecossistemas florestais.
E por fim, entender melhor como a estrutura das florestas se desenvolve ao longo do tempo.
Fonte: Science Alert