A hortiterapia, também conhecida como terapia de jardinagem, é um método terapêutico que utiliza o contato e o cuidado com plantas e jardins para promover o bem-estar físico e mental. Embora pareça um conceito moderno, a prática tem raízes antigas, sendo documentada desde o século XIX. Visto que, o Dr. Benjamin Rush, considerado o “pai da psiquiatria americana”, foi um dos primeiros a observar e registrar os efeitos positivos da jardinagem em pacientes com doenças mentais. Hoje, essa prática é reconhecida cientificamente e aplicada em diversas instituições de saúde, reabilitação e educação.
Benefícios físicos
O ato de jardinagem é uma atividade física leve, mas que traz impactos significativos para o corpo. Movimentos como cavar, plantar e regar melhoram a coordenação motora, a força muscular e a flexibilidade. Além disso, a exposição à luz solar durante a atividade aumenta a produção de vitamina D, essencial para a saúde óssea e o sistema imunológico, conforme evidenciado em estudos sobre os benefícios da hortiterapia em diversas populações.
Benefícios mentais e emocionais
A hortiterapia se destaca por seus efeitos profundos na saúde mental. O foco e a atenção exigidos pelo cuidado com as plantas atuam como uma forma de meditação, ajudando a desviar a mente de pensamentos estressantes e ansiosos. Um estudo publicado na revista Frontiers in Psychology demonstrou que a hortiterapia pode reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse. Outra pesquisa relevante, divulgada em periódicos científicos, aponta que o contato com uma bactéria comum no solo, a Mycobacterium vaccae, pode estimular a produção de serotonina no cérebro, um neurotransmissor diretamente ligado à sensação de felicidade e bem-estar.
Além disso, a prática também promove um senso de realização e propósito. Observar o crescimento de uma semente que você plantou e cuidou pode elevar a autoestima e combater sentimentos de isolamento e tristeza, um efeito frequentemente relatado em revisões e meta-análises sobre o tema. A hortiterapia tem se mostrado eficaz, por exemplo, na melhoria de sintomas em pacientes com esquizofrenia, segundo uma revisão de ensaios clínicos randomizados publicada na revista MDPI.
Conexão com o meio ambiente
A hortiterapia é mais do que uma terapia: é um convite para nos reconectarmos com a natureza, algo frequentemente perdido na vida moderna. Entender de onde vêm nossos alimentos, sentir a terra nas mãos e observar o ciclo de vida das plantas são experiências sensoriais que nos trazem de volta ao presente e reforçam nossa ligação com o ecossistema.
Desse modo, essa prática incentiva a sustentabilidade e o apreço pelo mundo natural. Ao cultivar seu próprio alimento, mesmo em pequena escala, você desenvolve um respeito maior pela natureza e um estilo de vida mais consciente.
Conclusão
Portanto, deu para entender que a hortiterapia é uma ferramenta terapêutica poderosa e validada cientificamente. Ela oferece um caminho para o bem-estar que integra o cuidado com a natureza ao autocuidado, promovendo benefícios físicos e, principalmente, mentais. Então, se você busca uma forma de aliviar o estresse, reconectar-se ou simplesmente melhorar sua saúde, a hortiterapia pode ser a resposta para você.
E você, já pensou em iniciar seu próprio jardim?
Referências Bibliográficas
- Rush, B. (1812). Medical Inquiries and Observations upon the Diseases of the Mind. Imprint: Thomas Dobson.
- Van den Berg, A. E., & Custers, M. H. G. (2011). Gardening promotes health: a comprehensive review of the evidence. MDPI. Disponível em: https://www.mdpi.com/1660-4601/8/5/1199.
- Soga, M., Gaston, K. J., & Yamaura, Y. (2017). Gardening is beneficial for health: a meta-analysis of randomized controlled trials. Frontiers in Psychology. Disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fpsyg.2017.02298/full.
- Lowry, C. A., et al. (2007). Identification of an immune-modulating microbe in the soil, Mycobacterium vaccae. Neuroscience. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17499204/.