O que podemos compreender sobre as leis que governam o Universo através dos flocos de neve?
Os flocos de neve, com sua intrincada beleza, ainda mantêm um mistério singular.
Cada floco, único e complexo, incorpora em si as leis e forças universais que delineiam o funcionamento do nosso cosmos, desde as dimensões microscópicas até as vastidões galácticas.
Mas, vamos explorar a definição de um floco de neve, ou mais precisamente, de um cristal de neve.
Uma jornada pelas nuvens
A princípio, a formação de um cristal de neve ocorre nas nuvens quando o vapor d’água encontra minúsculas partículas de poeira ou pólen.
Esse encontro culmina na criação do seu núcleo hexagonal, cujas extremidades rugosas atraem moléculas de água, dando origem aos ramos do floco.
Assim, a temperatura e umidade precisas, influenciadas pela gravidade, moldam a forma e o tamanho desses ramos durante a viagem do cristal pelas nuvens.
“Não existem dois flocos de neve iguais, pois cada um percorre um caminho ligeiramente diferente”, esclarece o físico e apresentador da BBC, Brian Cox, no vídeo intitulado “O que os flocos de neve nos dizem sobre nosso Universo.”
Quando um floco de neve chega até nós, ele completou sua singular jornada antes de se dissolver em questão de momentos.
Teoria de Kepler
Numa gelada manhã de janeiro em Praga, em 1611, um floco de neve repousou na manga do casaco do matemático Johannes Kepler.
Esse aparentemente insignificante evento levou Kepler a questionar: “Por que os flocos de neve têm seis lados?”
Concluindo que o padrão hexagonal é a forma mais eficiente de ocupar o espaço, Kepler não sabia, na época, que a molécula de água (H2O) possui uma composição de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.
Durante o congelamento, as moléculas de água se agrupam, mantendo um ângulo aproximado de 105° entre os átomos de hidrogênio, resultando nos seis lados característicos do floco de neve.
Simetria, gravidade e eletromagnetismo
De fato, os flocos de neve exibem simetria radial, podendo ser divididos em porções idênticas, semelhante ao corte de um bolo.
“Cavalos-marinhos, flores, estrelas-do-mar e até mesmo galáxias espirais, como a Via Láctea, compartilham essa simetria,” comenta Cox.
Cada floco é um microcosmo das leis da física
Apesar de serem transparentes, sua dispersão de luz devido às múltiplas extremidades cria a ilusão de brancura.
Movendo-se em direção ao solo, os flocos seguem as leis universais da gravidade, mesmo enfrentando correntes de ar turbulentas em sua descida.
Enquanto isso, o eletromagnetismo molda sua forma, gerando campos magnéticos ao redor dos cristais de gelo formados durante o congelamento.
A interação entre esses campos magnéticos influencia o crescimento e agregação dos flocos.
A simetria previamente mencionada é um elemento fundamental
Em última análise, assim como estrelas, sistemas solares, planetas e nós mesmos, a análise detalhada de um floco de neve revela não apenas sua história única, mas também serve como microcosmo que incorpora as leis universais da física.
*Este texto foi elaborado com base no vídeo “O que os flocos de neve nos dizem sobre nosso Universo”, produzido pela BBC em colaboração com The Royal Society, dirigido por Studio Panda e Sam Pierpoint.
Via: BBC Brasil