Uma pesquisa inovadora indica que as reservas subterrâneas de água estão se esgotando.
Cientistas avaliaram o nível das águas subterrâneas em 170 mil poços distribuídos por mais de 40 países.
Diversas regiões ao redor do mundo estão enfrentando uma rápida diminuição nas reservas subterrâneas de água, vitais para as necessidades de milhões de pessoas. Seja para consumo, irrigação ou outros usos.
Essa constatação é de uma nova pesquisa que analisou milhares de medições do nível das águas subterrâneas de 170 mil poços em mais de 40 nações.
Nesse sentido, este é o primeiro estudo a revelar globalmente o estado das águas subterrâneas. Assim, oferecendo aos pesquisadores uma compreensão mais profunda do impacto humano sobre esse recurso valioso.
Tais impactos podem ocorrer tanto pelo uso excessivo quanto pelas mudanças nas chuvas, associadas às alterações climáticas induzidas pela atividade humana.
Aquíferos
Armazenadas em fissuras e cavidades de estruturas rochosas permeáveis conhecidas como aquíferos, as águas subterrâneas desempenham um papel fundamental.
Especialmente em regiões onde as chuvas e as fontes de água superficiais são escassas, como por exemplo, no noroeste da Índia e no sudoeste dos Estados Unidos.
A redução nos níveis das águas subterrâneas pode resultar em desafios para o acesso à água doce. Seja para consumo humano ou irrigação agrícola, levando à subsidência do solo e a diversos problemas ambientais.
De acordo com a coautora do estudo, Debra Perrone, professora associada do Programa de Estudos Ambientais da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, esse estudo foi motivado pela curiosidade, buscando uma compreensão aprimorada das condições globais das águas subterrâneas.
- Os pesquisadores identificaram uma diminuição de 71% nos níveis das águas subterrâneas em 1.693 aquíferos analisados entre 2000 e 2022.
- Em 36% desses locais, equivalentes a 617 áreas estudadas, os níveis das águas subterrâneas diminuíram mais de 0,1 metro por ano.
O Aquífero Ascoy-Soplamo, na Espanha, apresentou a taxa de declínio mais rápida. Com uma média de redução de 2,95 metros por ano, conforme destacou Scott Jasechko, coautor do estudo e professor associado da Escola Bren de Ciência e Gestão Ambiental da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara.
Observou-se ainda que o declínio acelerado dos níveis das águas subterrâneas é duas vezes mais prevalente do que o esperado.
Superando as flutuações aleatórias em períodos de tempo sem tendências sistemáticas.
Conclusões
Ao comparar os dados entre 1980 e 2000 com o período de 2000 a 2022, a pesquisa revelou que o declínio acelerado ocorreu em 30% dos aquíferos estudados nas primeiras duas décadas do século 21. Ultrapassando as reduções registradas entre 1980 e 2000.
Donald John MacAllister, hidrólogo do British Geological Survey, que não participou da pesquisa, elogiou o conjunto de dados como impressionante, embora tenha apontado algumas lacunas.
Ele ressaltou a importância de conscientizar os tomadores de decisão sobre a necessidade de preservar as reservas de água subterrânea, um recurso vital muitas vezes negligenciado.
Fonte: CNN Brasil