Comprimido à base de cogumelos mágicos “reinicia o cérebro” e auxilia no tratamento da anorexia
Estudos recentes destacam os benefícios da psilocibina no tratamento do sério distúrbio alimentar.
O desafio para tratar a anorexia nervosa, um transtorno alimentar que envolve uma distorção da imagem corporal e uma busca incessante pela perda de peso, reside na sua complexidade e na necessidade de recuperação física.
Contudo, pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA), conduziram testes com uma pílula de psilocibina sintética de 25 miligramas.
E neste caso, o estudo apresentou resultados positivos no processo de recuperação de 10 pacientes que estavam em remissão do distúrbio.
O estudo, divulgado na Nature Medicine, teve como ponto de partida a falta de sucesso nas abordagens convencionais de tratamento para o distúrbio, como as terapias tradicionais.
Os testes resultaram em 40% do grupo entrando em remissão, conforme relatou a psicóloga clínica Stephanie Knatz Peck, uma das autoras do estudo.
A maioria dos participantes também observou mudanças comportamentais positivas nos três meses após o início do tratamento.
Além disso, durante o processo, alguns pacientes relataram melhora na ansiedade, e não houve desistências.
“As respostas dos pacientes a um questionário padronizado inicialmente indicando anorexia, retornaram à faixa normal após o tratamento. Isso é significativo”, explicou Peck.
Futuro
Os próximos passos envolvem iniciar estudos mais amplos para testar o medicamento.
Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, aproximadamente 70 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas por algum transtorno alimentar, incluindo:
- anorexia,
- bulimia,
- compulsão alimentar e
- outros.
Sem dúvida, o avanço nas opções de tratamento para a anorexia é fundamental devido à sua taxa de mortalidade.
A qual ultrapassa 5%, de acordo com a revista científica JAMA Psychiatry, sendo assim, maior do que qualquer outra condição psiquiátrica.
“A AN é uma doença de difícil tratamento, com uma fisiologia complexa e necessidades de recuperação física que a diferenciam de outras doenças mentais. Notavelmente, 90% dos participantes relataram que uma sessão de dosagem não foi suficiente, sugerindo que uma experiência adicional com psilocibina pode ser benéfica”, afirmou o estudo.
Novas pesquisas
Outra pesquisa com o mesmo medicamento, agora incluindo 80 pacientes, está em andamento em centros nos EUA, na Irlanda e na Inglaterra.
Os participantes podem receber as 25 mg iniciais ou 1 mg de psilocibina.
Especialistas explicam que uma das teorias relacionadas à pílula é que ela “reconfigura” o cérebro, interrompendo os processos de pensamento associados aos impulsos comportamentais das pessoas com anorexia.
“Parece ter um efeito imediato na alteração das vias cerebrais e na plasticidade sináptica, ou seja, nas conexões entre as células”, explicou Guy Goodwin em entrevista ao Daily Mail,.
Guy Goodwin é ex-professor de psiquiatria da Universidade de Oxford e atual diretor médico da Compass Pathways, a empresa que fabrica a psilocibina sintética utilizada.
Fonte: Jornal O Globo