Uma colônia de fungos do gênero Armillaria detêm o título de maior organismo vivo do mundo
O chef italiano Antonio Carluccio diz que é delicioso com espaguete e pimenta vermelha.
Mas, para os jardineiros, ele é uma ameaça a cercas vivas, rosas e outras flores, pois este fungo coloniza e mata diversas árvores e plantas.
Assim, o fungo parasita – e saboroso – não ficou famoso apenas por dividir opiniões.
Este fungo do gênero Armillaria também é considerado por muitos o maior organismo vivo da Terra.
Atualmente é um tipo de fungo Armillaria que fica em Blue Mountains, no Estado americano do Oregon, que mede 3,8 km de comprimento e é considerado o maior ser vivo da Terra.
Existem diversas espécies de fungos do gênero Armillaria, também conhecido como “cogumelo do mel”. Enquanto seus frutos comestíveis brotam da terra, o micélio embaixo, coloniza as raízes e mata muitas árvores e plantas lenhosas.
Nesse sentido, os grandes grupos de cogumelos marrom-amarelados que vemos sobre o solo são apenas uma parte de organismos muito maiores.
Esses organismos são compostos de rizomorfos: estruturas de aparência similhar ao das raízes das plantas capazes de transportar nutrientes por grandes distâncias). Tais estruturas lembram cadarços e se espalham sob a superfície em busca de novos anfitriões e de redes subterrâneas de filamentos tubulares conhecidas como micélios.
Mas foi apenas nos últimos anos que cientistas descobriram o tamanho que essas estruturas atingem.
Assassinos de árvores
Em 1998, uma equipe do Serviço Florestal dos Estados Unidos decidiu investigar a causa da mortandade de árvores grandes na Floresta Nacional Malheur, no Oregon.
Eles identificaram áreas afetadas em fotografias aéreas e coletaram amostras de raízes de 112 árvores mortas ou que estavam morrendo, a maioria pinheiros.
Testes mostraram que todas, exceto quatro, estavam infectadass pelo fungo Armillaria solidipes (que antes era conhecido como Armillaria ostoyae).
Quando micélios de Armillaria solidipes geneticamente idênticos se encontram, eles podem se fundir e formar um novo indivíduo.
Então, os pesquisadores aproveitaram essa habilidade para cultivar amostras de fungos em pares em placas de Petri.
Ao observar quais se fundiam e quais rejeitavam os outros, eles descobriram que 61 árvores estavam dominadas pela mesma colônia clone. Ou seja, indivíduos com formação genética idêntica que se originaram de um mesmo organismo.
As mais espaçadas estão a 3,8 km de distância uma da outra. Por fim, o grupo calculou que o Armillaria solidipes cobria uma área de 9,6 km² e tinha entre 1.900 e 8.650 anos de idade.
Bem, surpreendentemente naquela época, o maior organismo vivo conhecido era um fungo da mesma espécie descoberto em 1992 no sudoeste de Washington, que se estendia por 6,5 km².
Apesar de haver um debate antigo entre biólogos sobre o que constitui um organismo individual, a colônia-clone recordista Armillaria solidipes se enquadra na definição.
De acordo com os parâmetros científicos a definição de indivíduo único é:
“um ser feito de células geneticamente idênticas que conseguem se comunicar e que têm um objetivo comum ou conseguem, pelo menos, se coordenar.”
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Earth