Atualmente, as abelhas nativas desempenham papel fundamental na luta contra as mudanças climáticas em Belém.
Uma iniciativa busca estabelecer um cinturão verde com colmeias ao redor da cidade, visando evitar o desmatamento e capturar carbono.
O produtor Ocivaldo Moreira, que possui 30 caixas de colmeias de abelhas nativas em seu quintal na comunidade Boa Vista, aguarda ansioso o início da colheita de mel.
Além de proporcionar uma renda extra para sua família, a atividade contribui para a preservação da floresta.
Integrando uma iniciativa que visa criar um cinturão verde de meliponicultura nos arredores da capital paraense, agricultores como Ocivaldo plantam 4 mil pés de açaí e árvores polinizadas por abelhas nativas sem ferrão.
O objetivo é mitigar os efeitos das mudanças climáticas e adaptar-se aos impactos que já afetam a qualidade de vida na cidade.
João Meirelles, diretor-geral do Instituto Peabiru, destaca a importância de criar pequenos oásis que possam influenciar o microclima da metrópole. E além disso, sensibilizar a população sobre os desafios ambientais.
A iniciativa pretende abranger 200 famílias em áreas rurais de Belém nos próximos cinco anos.
E assim, contribuir para a conservação da biodiversidade, mitigação climática e redução de desigualdades.
Hermógenes Sá, diretor-executivo do Instituto Peabiru, ressalta que a expansão do projeto depende da preservação contínua das florestas para as abelhas.
Sustentabilidade, ecologia, economia
Até o momento, 40 famílias em nove comunidades já receberam 1,2 mil caixas de colmeias, juntamente com assistência técnica para reprodução e manejo do plantel.
Além de gerar renda com o mel, as abelhas nativas prestam um serviço vital ao polinizar árvores frutíferas e contribuir para a reprodução vegetal.
O projeto também visa formar uma barreira natural para proteger a metrópole, capturando carbono da atmosfera.
O programa de meliponicultura do Instituto Peabiru, iniciado em 2007 e expandido com financiamento do Fundo Amazônia, busca promover a produção sustentável de mel com manejo ambiental autorizado.
Desde 2020, o projeto Amigo das Abelhas da Amazônia, apoiado pelo Instituto Clima e Sociedade, concentra-se na região de Belém. Destacando o papel ambiental das abelhas na polinização da floresta.
Conferência Climática Global 2025
Com o objetivo de impulsionar as ações na COP-30, a conferência climática global programada para 2025 em Belém, o projeto visa aumentar a visibilidade da região e expandir a escala da bioeconomia.
Em Belém, as Soluções Baseadas na Natureza (SbN), como a conservação e ampliação de florestas, ganham destaque como parte dos planos climáticos.
Estas soluções representam uma porção significativa da mitigação climática necessária para evitar o aquecimento global acima de 1,5 grau até 2050, conforme apontado pela ONU.
O envolvimento predominante de mulheres na atividade não apenas contribui para a preservação ambiental, mas também promove o empoderamento feminino e o debate sobre questões de gênero.
Além disso, evita o êxodo para as cidades, tendo impactos sociais positivos.
A produtora Márcia Ramos, que participa do projeto após superar a depressão pela perda de um filho, destaca a oportunidade de descobrir um novo mundo e melhorar a qualidade ambiental da floresta.
O técnico do Instituto Peabiru, Abimael Teles e Teles, observa que o resultado já se reflete na produção dos açaizais.
Via: Ciclo vivo