Cientistas usam fungos para criar ‘placa-mãe de cogumelos’

Foto de cogumelos; Cientistas criam placa-mãe de cogumelos; PC vivo de fungos; PC de cogumelos; criação com conceito de wetware que aplica ideias do hardware e software em organismos vivos. Imagem Phoenix Han-Unsplash

Pesquisadores britânicos incorporam cogumelos em placa-mãe de PC

Por mais estranho que pareça, cogumelos se comunicam de forma similar a linguagem binária de PCs e trazer melhorias aos hardwares convencionais

Atualmente criar computadores e outras ferramentas tecnológicas ou não a partir do micélio de cogumelos está se tornando uma realidade.

Desde centros de pesquisa até empreendedores na área de sustentabilidade um grande avanço está acontecendo nos estudos que combinam tecnologia e organismos vivos como fungos.

Pensando assim os cientistas criaram o mais novo PC de cogumelos.

A ‘placa-mãe de cogumelos’ é fruto de experimentos do Laboratório de Computação Não Convencional (UCL) da Universidade do Oeste da Inglaterra (UWE Bristol).

Local onde desde 2001, tem como foco abordagens excêntricas para a computação como desenvolvimentos wetware: conceito que combina hardware e software com vida biológica.

O micélio dos fungos já se mostra ideal para experimentos há algum tempo e por isso as pesquisas com cogumelos unidos à tecnologia só crescem.

Isso é devido a própria estrutura natural do micélio que parece fios ou raízes de cogumelos bem finas.

E que para nossa admiração os cientistas descobriram que o micélio dos fungos consegue transmitir impulsos elétricos, de forma semelhantes às sinapses do cérebro humano.

E como era de se esperar, produzir uma placa-mãe de cogumelos tinha de acontecer em algum momento com tantos especialistas e curiosos do assunto.

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Uma ‘placa-mãe de cogumelos’ por Andrew Adamatzky

Biotecnologia aproxima cogumelos, cérebro e computação

Estudos liderados pelo professor Andrew Adamatzk demonstraram que cogumelos podem se comunicar uns com os outros por meio de sinais elétricos através do micélio.

Além disso, o micélio mostrou ter capacidade para reter memória.

Com essas características deu-se origem a ‘placa-mãe de cogumelos’ com o micélio substituindo vários componentes eletrônicos como condutor, processador ou até memória de uma placa-mãe.

Conforme as descobertas incríveis mostraram, o micélio se comunica de forma parecida com os neurônios do cérebro humano – utilizando a presença ou ausência de picos de atividade elétrica.

Tal atividade elétrica pode ser identificada e traduzida em zeros e uns utilizando a presença ou ausências de picos como base para zero e um, igual na linguagem binária de computadores comuns.

“Na verdade, descobrimos que os cogumelos produzem picos semelhantes ao potencial de ação. Os mesmos picos que os neurônios produzem”, disse Adamatzky à Popular Science.

“Somos o primeiro laboratório a relatar a atividade de picos de fungos medida por microeletrodos e o primeiro a desenvolver computação e eletrônica fúngica”, completou.

Ainda não é possível competir com um PC de ponta com exelentes CPUs, claro. Mas os dispositivos do ‘computador de cogumelo’ apresentaram algumas vantagens: tolerância a falhas (por conta da sua propriedade de auto geração) e reconfigurabilidade porque crescem e evoluem.

Tudo isso com pouco consumo de energia.

Segundo Andrew, estimular o micélio em dois pontos diferentes pode aumentar a velocidade e a confiabilidade da comunicação, ajudando a desenvolver a memória.

Tecnologia e biologia juntos são o futuro

Foto da pesquisa divulgada pelo Laboratório de universidade da Inglaterra UCL onde estão desenvolvendo o 'Pc de cogumelos'; Foto de dispositivos eletrônicos feito com fungos; Imagem de 'placa-mãe feita de cogumelos'; Computador de cogumelo; Computador com micélio de fungos; cientistas britânicos criam condutor, processador e 'placa-mãe de cogumelo' com micélio de fungo.
Preparando-se para registrar a dinâmica de resistência elétrica de aparas de cânhamo colonizadas por fungos de cogumelo ostra. Andrew Adamatzky

Apesar de os PCs-fúngicos ainda estarem longe de alcançar a performance de um computador convencional, tal experimento do UCL demonstrou um sucesso inicial ao utilizar forma de vida biológica no aprimoramento de hardwares e softwares.

“No momento, são apenas estudos de viabilidade. Estamos apenas demonstrando que é possível implementar computação, e é possível implementar circuitos lógicos básicos e circuitos eletrônicos básicos com micélio. No futuro, podemos desenvolver computadores de micélio mais avançados e dispositivos de controle”, finalizou Adamatzky.

Por enquanto, é um conceito em fase de testes, mas os cientistas afirmam que é possível implementar circuitos eletrônicos básicos com micélio e que, futuramente, poderão desenvolver computadores e dispositivos mais avançados com essa tecnologia.

Já pensou, num futuro próximo um computador feito com partes de fungo potente para rodar The Last of Us sem bugs? E ainda não gerar tantos danos ambientais como o lixo eletrônico atual?

Pois é, o futuro é logo ali, e depende das atitudes que temos agora.

E conforme essa e outras pesquisas avançam, essas tecnologias modernas como o ‘wetware’ podem ser utilizadas em muitas áreas que envolvem a interface máquina/cérebro.

Principalmente as relacionadas à próteses e distúrbios de controle de comportamento, como Alzheimer e Parkinson.

Fonte: Popular Science, Via TechSpot e Tom’s Hardware

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