Empresa americana em parceria com a NASA consegue levar sonda espacial à Lua após mais de 50 anos
A Intuitive Machines, uma empresa dos Estados Unidos, conseguiu fazer alunissar um artefato americano no satélite natural pela primeira vez desde as missões Apollo.
Nesta quinta-feira, marcou-se o retorno da presença americana na lua após mais de meio século.
A missão IM-1, com o módulo de pouso Nova-C apelidado de “Odysseus”, tocou a superfície lunar por volta das 20h24.
O chefe de tecnologia da missão, Tim Crain, anunciou o pouso durante a transmissão online, declarando: “Estamos na superfície”.
No entanto, o módulo de pouso Odysseus enfrentou problemas de comunicação com a Terra, e detalhes precisos sobre seu estado atual ainda não foram divulgados.
Bill Nelson, administrador da NASA, comemorou o feito, enfatizando o papel das parcerias comerciais.
Ele afirmou: “Hoje marca o retorno dos EUA à Lua após mais de meio século. É a primeira vez na história que uma empresa comercial lidera uma viagem lunar“.
Equipado com um motor de metano líquido e oxigênio super-resfriado, o módulo de alunissagem conseguiu evitar uma longa exposição à alta radiação do cinturão de Van Allen, proporcionando uma chegada rápida ao destino.
Antes do pouso, a Intuitive Machines anunciou que o Odysseus completou sua inserção na órbita lunar e estava agora em uma órbita circular a 92 km da lua.
As cargas a bordo
A Nasa pagou US$ 118 milhões de dólares (R$ 586 milhões) a Intuitive Machines para o transporte de equipamentos científicos até o satélite natural, para ajudar a compreender de modo mais eficiente e mitigar os riscos ambientais para os astronautas.
Entre os equipamentos estão uma câmera estéreo para observar a nuvem de poeira levantada durante o pouso e um receptor de rádio para medir os efeitos de partículas carregadas nos sinais de rádio, na superfície da lua.
Há também cargas de outros clientes que não a NASA, como uma câmera construída por estudantes da Embry-Riddle Aeronautical University, em Daytona Beach, Flórida.
Mas a nave transporta uma carga mais colorida, incluindo um arquivo digital do conhecimento humano e 125 pequenas esculturas da Lua do artista Jeff Koons.
Após o pouso, as cargas devem operar por sete dias, antes do início da noite lunar no polo sul, quando Odysseus ficará inoperante.
Etapas para o pouso
O processo de pouso envolve uma série de etapas complexas, desde a escolha autônoma do local de pouso até a descida controlada do módulo de pouso.
- A sonda vai voar até o local de pouso pretendido na Lua, até que o software de bordo escolha de forma autônoma um local de pouso considerado seguro, com a menor inclinação, livre de perigos e com alcance do módulo de pouso.
- Os sistemas da Odysseus vão combinar a gravidade lunar com a propulsão do motor até chegar ao local ideal. Durante este tempo, o motor principal é desacelerado continuamente, diminuindo a potência do motor para compensar o módulo de pouso ficando cada vez mais leve, com parte do combustível gasto já eliminado.
- O sistema de navegação vai deixar a nave pairando a aproximadamente 30 metros do local selecionado para pouso, até que o módulo inicie a descida vertical a três metros por segundo. Nos últimos momentos, o módulo de pouso freia para uma descida de um metro por segundo, preparando-se para alunissar.
“A Unidade de Medição (IMU) detecta a aceleração como um ouvidos internos humanos, que sentem rotação e aceleração. A descida terminal é como caminhar em direção a uma porta e fechando os olhos nos últimos centímetros. Você sabe que está perto o suficiente, mas seu ouvido interno deve guiá-lo até a porta”, descreve a empresa.
Esse sucesso da Intuitive Machines segue uma tentativa fracassada de outra empresa no início do ano.
O desafio de pousar na Lua
Essa é a segunda tentativa de uma empresa privada neste ano, após o fracasso de outro grupo em janeiro. A primeira, da empresa Astrobotic, foi lançada em janeiro, mas a nave Peregrine sofreu um vazamento de combustível. E seu módulo de pouso teve que ser destruído deliberadamente em pleno voo.
- A alunissagem suave é um desafio porque implica navegar em um terreno instável,
- com um atraso de vários segundos na comunicação com a Terra, e
- utilizar os propulsores sem a presença de uma atmosfera que suporte paraquedas.
Anteriormente, no ano passado, o módulo japonês Hakuto-R, da empresa Ispace, ficou sem combustível por conta de um erro de cálculo de altitude durante uma tentativa de pouso na Lua. Já a companhia israelense SpaceIL quase conseguiu concluir sua missão em 2019, mas falhou a poucos metros do pouso.
Apenas cinco países conseguiram tal feito: a União Soviética foi a primeira nação, seguida pelos Estados Unidos, que até hoje é o único país a colocar pessoas na superfície lunar.
- A China já posou três vezes desde 2013,
- a Índia conseguiu em 2023 e
- o Japão em fevereiro do ano passado, embora o módulo nipônico tenha enfrentado dificuldades para permanecer ativado.
Em suma, pousar suavemente na lua continua sendo um desafio técnico significativo. Mas, este feito recente reacende o interesse e a exploração lunar após décadas de ausência.
*Com informações de O Globo