O porto de Manaus, registra o nível de água mais baixo desde 1902, deixando barcos encalhados e incapazes de entregar alimentos e água para aldeias remotas
O nível da água em um importante porto fluvial na floresta amazônica do Brasil atingiu o seu ponto mais baixo em pelo menos 121 anos. Conforme uma seca histórica afeta a vida de centenas de milhares de pessoas e prejudica o ecossistema da selva.
Os afluentes do poderoso rio Amazonas, que estão secando rapidamente, deixaram barcos encalhados, interrompendo o fornecimento de alimentos e água para aldeias remotas da selva. Enquanto as altas temperaturas da água são suspeitas de terem causado a morte de mais de 100 golfinhos de rio ameaçados de extinção.
O porto em Manaus, a cidade mais populosa da região, localizada onde o rio Negro encontra o rio Amazonas, registrou um nível de água de 13,59 metros na segunda-feira, de acordo com o seu site.
Esse é o nível mais baixo desde o início dos registros em 1902, ultrapassando o recorde anterior estabelecido em 2010.
Depois de meses sem chuva, Pedro Mendonça, morador de uma vila na floresta amazônica, se aliviou quando uma ONG brasileira entregou suprimentos para sua comunidade ribeirinha perto de Manaus na semana passada.
“Ficamos três meses sem chuva aqui em nossa comunidade”, disse Mendonça, que vive em Santa Helena do Inglês, a oeste de Manaus, a capital do estado do Amazonas. “Está muito mais quente do que nas secas passadas.”
Algumas áreas da Amazônia tiveram os níveis mais baixos de chuva de julho a setembro desde 1980. Isso, de acordo com o Centro de Alerta de Desastres do governo brasileiro, o Cemaden.
O ministério da ciência do Brasil atribui a seca ao início do fenômeno climático El Niño deste ano, que está causando padrões climáticos extremos globalmente. Em um comunicado no início deste mês, o ministério disse que prevê que a seca dure pelo menos até dezembro, quando os efeitos do El Niño estão previstos para atingir o pico.
Até segunda-feira, a seca afetou 481.000 pessoas, de acordo com a agência de defesa civil do estado do Amazonas, onde Manaus está localizada.
Na semana passada, trabalhadores da ONG brasileira Fundação Amazônia Sustentável (FAS) se espalharam pela região para entregar alimentos e outros suprimentos às comunidades vulneráveis. A seca ameaçou o acesso deles a alimentos, água potável e medicamentos, que normalmente são transportados por via fluvial.
Nelson Mendonça, um líder em Santa Helena do Inglês, disse que, embora algumas áreas ainda fossem acessíveis de canoa, muitos barcos não conseguiram viajar pelo rio para trazer suprimentos. E os bens estavam sendo transportados por tratores ou a pé.
“Não é bom para nós, porque estamos praticamente isolados”, disse ele.
Luciana Valentin, que mora na mesma comunidade, disse estar preocupada com a qualidade da água local após a redução dos níveis do rio.
“Nossas crianças estão tendo diarreia, vômitos e frequentemente têm febre por causa da água”, disse ela.
Via The Guardian