Um vídeo liberado pela Nasa ilustra as mudanças climáticas ao longo de décadas
As imagens destacam o derretimento dos polos e o aumento da concentração de CO2 durante um intervalo de 20 anos.
Anteriormente, um relatório chave da agência climática da ONU de abril de 2022 ressaltou que para conter o aquecimento global a 1,5ºC acima das temperaturas pré-industriais, ações drásticas seriam necessárias.
Tais como: a redução no uso de combustíveis fósseis, a preservação florestal e mudanças dietéticas, as quais são apontadas como imprescindíveis.
Nesse sentido, a ferramenta de projeção climática da Nasa apresenta transformações no planeta ao longo das últimas décadas.
Os dados visuais revelam a distribuição global e a variação na concentração de dióxido de carbono (CO2) capturados pelo sensor infravermelho atmosférico (Airs). O qual esteve a bordo da espaçonave Aqua da NASA em um período de 20 anos.
Apesar dos alertas sobre as mudanças climáticas emitidos desde 1990 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as emissões globais continuaram a crescer na última década, alcançando níveis recordes.
Como resultado, as emissões mundiais caminham para ultrapassar o limite de aquecimento de 1,5ºC estipulado no Acordo de Paris de 2015.
Calor extremo atual
O verão de 2023 quebrou recordes de temperatura, sendo o mais quente já registrado, conforme dados do Serviço de Mudanças Climáticas da União Europeia (UE).
De junho a agosto, esse período apresentou uma temperatura média de 16,8ºC, superando consideravelmente marcas anteriores em 0,66ºC.
Assim, especialistas em clima afirmam que a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC a longo prazo está se tornando inatingível. Com nações falhando em estabelecer metas mais ambiciosas, apesar de meses de calor recorde.
À medida que os delegados se reuniam em Bona em junho para preparar as conversas anuais sobre o clima, dados do Copernicus Climate Change Service (C3S), financiado pela UE, indicavam que as temperaturas globais médias estiveram mais de 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais por vários dias, antecipando as reuniões em novembro no Dubai.
Agosto se tornou o mês mais quente já registrado no mundo, o terceiro consecutivo a estabelecer esse recorde, sucedendo os meses de junho e julho, igualmente recordistas, segundo a UE.
Registros de temperaturas muito acima da média foram observados na Austrália, em partes da América do Sul e em grande parte da Antártica em agosto, de acordo com o instituto.
Paralelamente, as águas oceânicas alcançaram a temperatura superficial diária mais alta já registrada, contribuindo para o mês globalmente mais quente.
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Embora as temperaturas médias já tenham temporariamente ultrapassado o limite de 1,5°C, essa foi a primeira vez que ocorreu durante o verão do hemisfério norte, iniciado em 1 de junho. As temperaturas do mar também atingiram recordes em abril e maio.
A menos que ações climáticas enérgicas sejam tomadas, estima-se que o aquecimento global alcance 2,8ºC até o final do século.
É possível ver o aumento contínuo do CO2, observável pela transição de cores do mapa, do amarelo claro ao vermelho, ao longo do tempo.
Além disso, identificam-se variações sazonais no hemisfério norte, associadas ao ciclo de crescimento das plantas.
Que no caso, pode-se identificar pelas mudanças das cores no vídeo, com tons mais claros surgindo em abril/maio anualmente. E então, evoluindo para o vermelho no fim de cada estação de crescimento, antes do inverno.
Essa oscilação é mais marcante no hemisfério norte, onde está concentrada a maior massa terrestre.
Crise global do clima
No entanto, mesmo mantendo o nível atual de aquecimento, vários pontos críticos no clima poderão ser ultrapassados.
Por exemplo, a corrente oceânica que transporta o calor dos trópicos para o hemisfério norte, está agora no seu nível mais lento em 1.000 anos , comprometendo padrões climáticos históricos. Isso segundo o último relatório multicientífico, que inclui contribuições do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e do Escritório da ONU para a Redução do Risco de Desastres.
Quase metade da população mundial é considerada altamente vulnerável aos impactos das alterações climáticas – inundações, calor, secas, incêndios florestais e tempestades.
Na década de 2050, mais de 1,6 mil milhões de habitantes das cidades sofrerão constantemente com temperaturas médias de pelo menos 35ºC por três meses.
O Ártico está aquecendo quatro vezes mais rapidamente que o resto do planeta. Isso está de acordo com uma análise publicada na Nature Communications Earth & Environment em agosto de 2022.
Atualmente, modelos de especialistas mostram que, em 2035, o gelo marinho do Ártico poderá cair abaixo de mais de 1 milhão de Km² no verão.
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Fonte: NASA via CNN Brasil