A lição de solidariedade que meu pai ensinou para a minha professora

história; crônica; narrativa; prosa; cultura; arte; texto de blog; história sobre educação; conto sobre solidariedade; professor; professora; escola; educação infantil; criança na escola; problemas com criança na escola; criança que conversa demais

Eu aprendi a ler em casa, com gibis de personagens brasileiros e do exterior como os gibis da Turma da Mônica, do Zé carioca e do Tio patinhas.

Mas quando cheguei na fase de ir para a escola tive problemas com uma professora…

Para contextualizar essa história vamos imaginar:

  • uma cidade pequena de menos de 15 mil habitantes
  • uma família evangélica e sem status social
  • uma garota inteligente com um pai inteligente

Bom, na primeira fase da escola aos 6 anos, foi mais tranquilo.

Visto que a professora era uma pessoa muito agradável, gentil e compreensiva.

Ela com sua sabedoria ao perceber que a menina inteligente tinha facilidade para ler e escrever merecia um incentivo na sua educação.

Mas essa garota, apesar de sabida ao estilo Lisa Simpson, vinha de uma família evangélica como mencionado acima.

Isso fez com que ela não pudesse participar de festas e comemorações típicas da escola, pois esse era um dos dogmas da igreja a ser seguido por ela, por ordem de seus pais.

Assim, vendo-se diante de uma situação diferente do comum, essa professora sem dar-se por vencida teve a seguinte ideia.

Tudo bem disse ela, a menina não pode participar do teatro de natal porque vossa religião não permite, mas ela pode então ler e ser a narradora da peça?

Contra isso, meus pais não tiveram argumento.

Me emociona muito lembrar dessa história.

Que na verdade é só o começo da história principal que vim te contar.

Passou-se aquele ano, e eu consegui ser no fim, parte daquela peça de teatro outrora proibida para mim. Tenho a foto até hoje de minha pessoa pequenina com o microfone na mão narrando a historinha e a professora de pé ao meu lado. Só eu de saia longa e vermelha, me sentia sempre diferente, pois não podia nem me vestir igual ou cortar o cabelo.

A vida é feita de fases…

Então sempre que lembro ou vejo essa foto vem a gratidão que sinto por ela ter encontrado uma opção para mim.

Porém, na primeira série ou segundo ano hoje em dia, eu encontrei um obstáculo.

A nova professora era bem diferente.

Pelo que me lembro, mesmo aos 7 anos eu já percebia muita coisa, e acho que ela tinha um certo preconceito com minha família e comigo pelo visto.

Não sei bem porque, como já disse a cidade era pequena, e nós nunca fomos “gente importante”.

Entretanto sendo nós “pessoas importantes” ou não nessa sociedade medíocre, lá em casa existiam regras.

E de repente a professora que já não gostava de mim um belo dia puxou meu cabelo, levemente como quem estava alisando meu lindo rabo de cavalo.

Bem, sei lá como, mas em casa meus pais entenderam isso na minha fala e meu pai foi até a escola conversar com a professora.

Agora, depois de muitos anos, ele me conta como foi realmente essa conversa com ela e como isso afetou meu comportamento e o dela em sala de aula.

Acontece que quando meu pai perguntou à professora por que ela havia puxado o meu cabelo, entre uma palavra e outra ela deu a entender que eu estava conversando demais.

E por que?

Porque eu acabava a lição antes e ia conversar com os colegas e com isso estava a atrapalhar a aula.

Segundo meu pai, um homem muito experiente e lutador, ele deu a ela a seguinte opção: coloque a minha filha para ajudar os coleguinhas, quando ela acabar primeiro as atividades.

E assim ela fez.

E eu ajudei meus parceirinhos de sala, conversei e percebi que gosto mesmo de ser útil e ela nunca mais puxou o meu cabelo.

Final feliz pra essa história.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *