Cientistas descobrem fungos que digerem plástico no frio

bactéria e fungos que digerem plástico são descobertos nos alpes suíços ártico e noruega. Imagem: Denise Hastert

Entenda porque a descoberta de bactérias e fungos que digerem plástico em temperaturas baixas pode trazer avanços importantes para a reciclagem.

Bactérias e fungos recentemente descobertos nos Alpes suíços podem digerir plásticos biodegradáveis em baixas temperaturas.

Essa capacidade, se ampliada em escala industrial, economizará dinheiro e energia durante a reciclagem, afirmam os cientistas.

Os micróbios encontrados nos Alpes dos Grisões e no Ártico foram capazes de digerir os tipos de plástico PUR (poliuretano) e PBAT/PLA, de acordo com um estudo publicado na revista Frontiers in Microbiology.

O PUR está presente, por exemplo, em esponjas domésticas, colchões ou tênis. E o PBAT/PLA em sacolas plásticas compostáveis.

Já se sabia que outros microorganismos tinham essa capacidade de ‘comer plástico’, mas só a temperaturas superiores a 30 graus celsius.

Encontrar, cultivar e fazer bioengenharia de organismos capazes de digerir plástico não só ajuda a eliminar a poluição, como também é um grande negócio.

Vários microrganismos que podem fazer isso já foram encontrados, mas quando as enzimas que tornam isso possível são aplicadas em escala industrial, elas normalmente só funcionam em temperaturas acima de 30°C.

O aquecimento necessário significa que as aplicações industriais permanecem caras e não são neutras em termos de carbono.

Mas há uma possível solução: encontrar micróbios especializados adaptados ao frio cujas enzimas funcionem em temperaturas mais baixas.

Assim os cientistas do Instituto Federal Suíço de Pesquisa de Florestas, Neve e Paisagem (WSL) sabiam onde procurar esses micro-organismos: em grandes altitudes nos Alpes suíços ou nas regiões polares.

Para o estudo Rüthi e seus colega de estudo coletaram amostras de bactérias e de fungos, próximos de alguma “fonte” de plástico na Groenlândia, na Suíça ou no arquipélago de Svalbard.

“Mostramos que novos táxons microbianos obtidos da ‘plastisfera’ de solos alpinos e árticos foram capazes de decompor plásticos biodegradáveis a 15°C”

“Esses organismos poderiam ajudar a reduzir os custos e a carga ambiental de um processo de reciclagem enzimática para o plástico.”

disse o autor principal do estudo, Joel Rüthi.

Identificação de enzimas digestivas – testes em laboratório

Os pesquisadores primeiro permitiram que os micróbios crescessem como culturas de cepas individuais no laboratório a 15°C. Em seguida, utilizaram uma série de testes para examinar as cepas individuais quanto à sua capacidade de digerir o plástico.

Tais bactérias e fungos conseguiram digerir diferentes tipos de plástico, excluindo o polietileno não biodegradável.

Após 126 dias de incubação, o único plástico que não foi digerido por nenhum dos micróbios foi o polietileno (PE), muito usado na embalagem de alimentos.

No entanto, 19 cepas (56%) das 34 que foram coletadas, incluindo 11 fungos e oito bactérias, foram capazes de digerir o poliuretano (PUR).

Além disso, 14 fungos e três bactérias conseguiram digerir as misturas plásticas polibutirato (Pbat) e poliácido láctico (PLA).

“Algumas dessas bactérias e fungos eram espécies até então desconhecidas” Entre elas estavam duas espécies de fungos dos gêneros Neodevriesia e Lachnellula que apresentaram os melhores resultados no estudo. Eles foram capazes de digerir todos os plásticos testados, exceto o polietileno, o plástico mais comumente produzido, usado principalmente para embalagens.

disse Rüthi.

Como os cientistas da WSL testaram apenas a digestão do plástico a 15°C, eles ainda não sabem a temperatura ideal em que as enzimas das cepas bem-sucedidas funcionam.

“O próximo grande desafio será identificar as enzimas de degradação de plástico produzidas pelas cepas microbianas e otimizar o processo para obter grandes quantidades de proteínas.”
“Além disso, pode ser necessária uma modificação adicional das enzimas para otimizar propriedades como a estabilidade da proteína.”

disse Beat Frey, cientista sênior e líder do grupo no WSL.

Agora, o estudo continua em busca de tornar as descobertas economicamente viáveis. Para isso, é preciso entender quais enzimas, especificamente, são responsáveis pela degradação e reciclagem do material. Outra frente vai investigar se modificações adicionais nessas enzimas podem otimizar os processos, ampliando a capacidade de ação.

Portanto os cientistas estão entusiasmados, pois conseguiram confirmar a existência desses micróbios que são capazes de ajudar-nos a reciclar a baixo custo.

Então os micróbios podem ser parte da solução para o problema ambiental dos plásticos.

Micróbios comedores de plástico que podem dar uma ajuda na reciclagem deste material descartável tão nocivo ao meio ambiente.

Mais detalhes no trabalho da jornalista da Antena 1 Oriana Barcelos.

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