Um novo estudo sugere que comer mais tarde no dia pode impactar diretamente nosso controle de peso biológico de três modos principalmente:
- através do número de calorias que queimamos;
- nossos níveis de fome;
- e a maneira como nosso corpo armazena gordura.
Atualmente, a obesidade já afeta centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. Assim, essa é uma descoberta muito valiosa de como poderíamos diminuir o risco de nos tornar obesos.
E ainda por cima de um maneira relativamente simples – apenas comendo nossas refeições algumas horas mais cedo.
Estudos anteriores já haviam identificado uma ligação entre o horário das refeições e o ganho de peso. Mas agora, os pesquisadores queriam analisar essa ligação mais de perto, além de identificar as razões biológicas por trás disso.
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“Queríamos testar os mecanismos que podem explicar por que comer tarde aumenta o risco de obesidade”, disse o neurocientista Frank Scheer, do Brigham and Women’s Hospital em Boston, em 2022, quando publicaram o estudo.
“Pesquisas anteriores feitas por nós e por outros já haviam mostrado que comer tarde está associado a um aumento do risco de obesidade, aumento de gordura corporal e sucesso reduzido na perda de peso. Queríamos entender por quê.”
A pesquisa foi rigorosamente controlada e envolveu 16 participantes com índice de massa corporal (IMC) na faixa de sobrepeso ou obesidade.
Cada voluntário passou por dois experimentos diferentes. Os quais tiveram duração de seis dias cada, com o sono e a alimentação rigidamente controlados antecipadamente, e várias semanas entre cada teste.
Em um experimento, os participantes mantiveram um horário rigoroso de três refeições por dia nos horários normais:
- café da manhã às 9h,
- almoço às 13h
- e jantar por volta das 18h.
No outro, as três refeições foram atrasadas:
- a primeira por volta das 13h
- a última por volta das 21h
- sendo almoço, jantar e ceia.
Através de amostras de sangue, perguntas de pesquisa e outras medições, a equipe pôde fazer várias observações.
Ao comer mais tarde, os níveis do hormônio leptina – que nos indica quando estamos satisfeitos – estavam mais baixos ao longo de 24 horas, indicando que os participantes podem ter sentido mais fome. Além disso, as calorias estavam sendo queimadas em uma taxa mais lenta.
Os testes também mostraram que a expressão gênica do tecido adiposo – que afeta como o corpo armazena gordura – aumentou o processo de adipogênese que constrói tecidos adiposos e diminuiu o processo de lipólise que quebra a gordura.
Aqui, estamos observando uma combinação de mecanismos fisiológicos e moleculares que aumentam o risco de obesidade.
“Isolamos esses efeitos controlando variáveis de confusão, como ingestão calórica, atividade física, sono e exposição à luz, mas na vida real, muitos desses fatores podem ser influenciados pelo horário das refeições”, disse Scheer.
Claro que a obesidade pode levar a outros problemas de saúde, incluindo diabetes e câncer, e, portanto, encontrar maneiras de impedir que ela se desenvolva em primeiro lugar faria uma enorme diferença para a saúde da população global.
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O que este estudo mostra é que comer mais cedo durante o dia pode impactar três principais impulsionadores na maneira como nossos corpos equilibram a energia e o subsequente risco de obesidade – e é uma mudança que talvez seja mais simples para algumas pessoas gerenciarem do que seguir uma dieta ou regime de exercícios.
No futuro, a equipe deseja ver pesquisas envolvendo mais mulheres, já que apenas 5 dos 16 voluntários eram mulheres neste caso. Bem como pesquisas que analisem como mudanças na hora de dormir em relação ao horário das refeições também podem influenciar nesses processos.
“Em estudos em larga escala, onde o controle rigoroso de todos esses fatores não é viável, devemos pelo menos considerar como outras variáveis comportamentais e ambientais alteram essas vias biológicas subjacentes ao risco de obesidade”, disse Scheer.
A publicação oficial do estudo está disponível na revista Cell Metabolism.
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