Pesquisadores encontraram o primeiro antídoto contra o cogumelo mais mortal do mundo, de acordo com testes realizados em animais.
A toxina deste fungo, frequentemente resultava em casos graves de danos hepáticos e, em grande parte dos casos, levava à morte. Mas, agora ela pode ser combatida por meio de um corante já amplamente utilizado na medicina para a obtenção de imagens.
Após séculos de convivência com o fungo Amanita phalloides e inúmeros envenenamentos registrados, os médicos tinham, até então, pouco a oferecer aos pacientes afetados pela toxina. A não ser, apenas, cuidados de suporte.
Isso motivou Qiaoping Wang e Guohui Wan, pesquisadores da Universidade Sun Yat-sen, a investigar minuciosamente a natureza dessa toxina.
Estudando o cogumelo mortal
O método empregado foi semelhante ao utilizado no desenvolvimento de um antídoto para o veneno de água-viva.
Utilizando a tecnologia de edição de genes CRISPR-Cas9, eles criaram um conjunto de células humanas, cada uma com uma mutação em um gene diferente, para determinar quais mutações permitiriam que as células sobrevivessem à exposição à alfa-amanitina.
A triagem revelou que as células que não possuíam uma versão funcional de uma enzima chamada “STT3B” eram capazes de sobreviver à alfa-amanitina.
Isso ocorria porque essa enzima faz parte de uma via bioquímica que adiciona moléculas de açúcar às proteínas, e sua interrupção bloqueia a entrada da toxina nas células. Desse modo, acaba prevenindo os danos causados pelo envenenamento.
“Não tínhamos conhecimento do papel do STT3B na toxicidade da alfa-amanitina, e ficamos completamente surpresos com nossas descobertas”, afirmou Wang à Nature. Em seguida, no próximo passo da estratégia dos pesquisadores, eles estudaram cerca de 3.200 compostos químicos em busca de um que bloqueasse a ação da enzima.
O antídoto para o fungo mais letal do mundo
Durante essa pesquisa, a equipe deparou-se com o verde de indocianina (ICG). Esse corante fluorescente medicinal, já amplamente utilizado para a obtenção de imagens dos vasos sanguíneos no olho e do fluxo sanguíneo no fígado. E agora, mostrou-se altamente eficaz no tratamento de envenenamento pela toxina do cogumelo.
Via: Revista Galileu