A depressão é um transtorno complexo, e apesar da relativa eficácia de tratamentos convencionais, o interesse em terapias naturais tem aumentado significativamente. Assim, plantas como a erva-de-são-joão (Hypericum perforatum), o açafrão (Crocus sativus) e a ashwagandha (Withania somnifera) são cada vez mais estudadas por suas propriedades antidepressivas.
De acordo com as pesquisas científicas até o momento, essas 3 plantas estão entre as melhores opções de antidepressivo natural como terapia complementar em casos de depressão leve a moderada.
Então, a seguir vamos explorar a ciência por trás de como essas plantas agem no corpo, conforme estudos revisados para entender seus mecanismos de ação e benefícios comprovados.
- Modulação de neurotransmissores pelo Hypericum perforatum
- Efeito antidepressivo do Açafrão
- Função adaptogênica da Ashwagandha
Erva-de-são-joão: antidepressivo modulador de neurotransmissores
Em primeiro lugar está a erva-de-são-joão, uma das plantas mais investigadas para o tratamento da depressão leve a moderada.
Seus compostos, a hipericina e a hiperforina, funcionam de maneira parecida a antidepressivos sintéticos, bloqueando a reabsorção de neurotransmissores essenciais como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina.
Assim, a capacidade da planta de competir com medicamentos tradicionais e causar menos efeitos colaterais é um dos principais motivos de interesse científico.
Um estudo publicado na revista Molecules descreve esse processo em detalhes:
“Entre os seus componentes, a hipericina e a hiperforina exibem o maior potencial para atividades antidepressivas devido às suas maiores concentrações. Pesquisas delinearam parcialmente seus mecanismos de ação, particularmente na mediação da inibição de amplo espectro da recaptação de neurotransmissores, em particular serotonina, dopamina e noradrenalina.” (PERDOMO-PEREZ; et al., 2022).
Açafrão: ansiolítico e antidepressivo natural
Em segundo lugar está o açafrão, uma especiaria valiosa, que tem se destacado na pesquisa sobre saúde mental.
Isso, porque seus principais componentes ativos, a crocina e o safranal, demonstram potencial como agentes antidepressivos.
A ciência sugere que esses compostos podem regular a atividade dos neurotransmissores e proteger o cérebro contra o estresse oxidativo.
Estudos clínicos indicam que o extrato de açafrão pode ter uma eficácia comparável a certos antidepressivos para o tratamento da depressão leve. Um artigo no MDPI aponta o promissor futuro do açafrão:
“Crocina, um dos compostos bioativos do açafrão, tem demonstrado atuar como um inibidor da monoamina oxidase, com estudos experimentais revelando que o açafrão/crocina é similarmente eficaz à fluoxetina e imipramina no tratamento de distúrbios depressivos.” (YI, et al., 2022).
Ashwagandha: o poder de um adaptógeno
A ashwagandha é classificada como uma planta adaptógena, o que significa que ela ajuda o corpo a se ajustar e a resistir ao estresse físico e mental.
Os withanolides, seus princípios ativos, contribuem para a redução dos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e para a regulação de neurotransmissores como a serotonina.
Essa capacidade de restaurar o equilíbrio do organismo é a base de seu efeito no alívio do estresse e da ansiedade, sintomas que frequentemente acompanham a depressão.
Uma revisão de literatura na revista Research, Society and Development confirma sua eficácia:
“O presente estudo revelou que extratos da raiz de Ashwagandha possuem ação GABAérgica, contribuindo para a melhora de distúrbios de sono e cognição. Sua capacidade de reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, a qual tem sido correlacionada com a diminuição dos sintomas de ansiedade e depressão.” (BASSANI, et al., 2021).
A fitoterapia como uma ferramenta complementar
É crucial entender que, embora essas plantas tenham um grande potencial, a consulta a um profissional de saúde é fundamental antes de começar qualquer tratamento.
Principalmente em casos de depressão severa ou se você já toma outros medicamentos.
Nesse sentido, a fitoterapia com um antidepressivo natural oferece uma abordagem complementar que pode ser uma ferramenta valiosa para o bem-estar mental.
- A erva-de-são-joão age inibindo a recaptação de neurotransmissores, como a serotonina, o que a torna um antidepressivo natural eficaz.
- O açafrão, por meio de seus compostos crocina e safranal, demonstra em estudos clínicos ser uma alternativa promissora e segura para a depressão leve.
- A ashwagandha, sendo um adaptógeno, ajuda o corpo a lidar com o estresse, reduzindo os níveis de cortisol e melhorando o bem-estar mental.
Por fim, o avanço científico continua a validar o conhecimento tradicional, abrindo novas possibilidades para terapias naturais.
Referências Bibliográficas:
PERDOMO-PEREZ, F. M.; et al. Documentary Analysis of Hypericum perforatum (St. John’s Wort) and Its Effect on Depressive Disorders. Molecules, v. 27, n. 12, p. 3840, 2022.
YI, H. et al. Anti-Depressant Properties of Crocin Molecules in Saffron. MDPI, v. 27, n. 7, p. 2076, 2022.
BASSANI, E. S.; et al. Como os adaptógenos influenciam a performance cognitivo-mental: uma revisão integrativa. Research, Society and Development, v. 11, n. 10, p. e336111032635, 2021.
Via: Correio Braziliense