A Psilocibina liberta o cérebro de seus padrões rígidos e das suposições que dirigem o ego, e permite que o usuário veja o mundo e a si mesmo de uma perspectiva totalmente nova.
Por Aaron Kase
Os cogumelos mágicos têm esse nome por uma razão: a psilocibina presente em tais cogumelos atua na mente de maneiras surpreendentemente mágica mesmo.
Essa substância psicodélica age ‘magicamente’ alterando o estado de consciência, sendo capaz de fazer as pessoas criarem novas compreensões de mundo, rompendo a negatividade e a intransigência do ego.
A psilocibina liberta o cérebro de seus padrões rígidos e das suposições que dirigem o ego, e permite que o usuário veja o mundo e a si mesmo de uma perspectiva totalmente nova.
Muitas experiências com cogumelos são também acompanhadas por ondas de bons sentimentos e visões alucinadas de som e cor.
Essa nova pesquisa está nos ajudando a entender como os cogumelos fazem sua mágica.
Um estudo publicado no Journal of the Royal Society descobriu que a psilocibina realmente muda a estrutura organizacional do cérebro e permite que a informação passe de uma seção para outra em redes neurais totalmente novas ou subutilizadas, contornando os antigos caminhos, já muito trilhados.
Entretanto, as novas conexões cerebrais não são uma mistura desorganizada.
“Uma interpretação simplista desse resultado seria que o efeito da psilocibina é relaxar as restrições sobre a função cerebral, atribuindo à cognição uma qualidade mais flexível, mas quando se olha para o estrutura final, a imagem se torna mais complexa”, aponta o relatório da pesquisa.
“O cérebro não se torna simplesmente um sistema aleatório após a injeção de psilocibina, mas ao invés disso, mantém algumas características organizacionais, ainda que diferente do estado normal.”
“Nós achamos que o estado psicodélico está associado a uma forma de função cerebral menos restrita e mais intercomunicativa”, conclui o estudo, “o que é consistente com a descrição da natureza da consciência no estado psicodélico.”
Estes resultados constituem mais provas sobre como a psilocibina pode refazer conexões cerebrais.
Um estudo anterior do Imperial College of London havia demonstrado que a atividade cerebral diminuiu em determinadas áreas quando os indivíduos tomaram a psilocibina.
Especificamente na parte do cérebro responsável pelos sentimentos em relação a si próprio.
Enquanto isso, um estudo de acompanhamento mostrou que ocorreu uma maior atividade cerebral no hipocampo e no córtex cingulado anterior, áreas ligadas à emoção e a memória.
O resultado visto em imagens de ressonância magnética foi um padrão cerebral semelhante a alguém que está sonhando.
“Fiquei fascinado ao ver semelhanças entre o padrão de atividade cerebral em um estado psicodélico e o padrão de atividade cerebral durante um sonho”, disse à Live Science o pesquisador-chefe Robin Carhart-Harris.
“Muitas vezes as pessoas descrevem tomar psilocibina como se produzisse um estado de sonho e os nossos resultados têm, pela primeira vez, fornecido uma representação física para essa experiência no cérebro.”
As novas vias de conexões ajudam a explicar porque a psilocibina é útil no combate a doenças mentais como depressão e TEPT.
Através da construção de novos caminhos em todo o cérebro, a substância dos cogumelos permite às pessoas tomarem uma chacoalhada.
E assim perderem os seus antigos preconceitos e reações de estímulo-resposta habituais.
De fato, a psilocibina permite que você redefina seu cérebro.
“As pessoas que caem em pensamentos depressivos constantemente, tem cérebros que estão com conexões em excesso.
Achamos que a redução desse circuito permite às pessoas escapar de ficarem presas a esse processo de pensamento.“
David Nutt.
E o impacto desse ‘efeito mágico transformador’ da psilocibina tem longa duração.
Um estudo do Instituto Johns Hopkins descobriu que a maioria dos indivíduos que tomaram psilocibina teve alterações de personalidade que duraram mais de um ano.
Quase todos os participantes de outro estudo com a psilocibina no mesmo Instituto, relataram que a experiência foi uma das mais significativas de suas vidas.
Para alguns a importância da experiência psicodélica com psilocibina compara-se ao nascimento de um filho.
“Ela demonstra ser uma ferramenta incrivelmente interessante para desvendar esses mistérios da consciência humana.”
Concluiu Roland Griffiths, pesquisador do Instituto Johns Hopkins, que tem feito extensa pesquisa com psilocibina, em entrevista para a Associação Multidisciplinar para Estudos Psicodélicos (MAPS).
“A característica fundamental da experiência mística é esse forte senso de interconexão de todas as coisas, onde há uma crescente sensação não só da autoconfiança e clareza, mas da responsabilidade comum – de altruísmo e justiça social – uma das sensações experimentadas que é Regra de Ouro é: fazer aos outros o que gostaria que fizessem a você… Compreender a natureza desses efeitos e as suas consequências, pode ser a chave para a sobrevivência da nossa espécie.”
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Publicado previamente aqui.
Tradução: Brotando Consciência