O significado espiritual dos relacionamentos (PARTE I)
Trecho extraído do livro Criando união – Por Eva Pierrakos e Judith Saly
Caros amigos, hoje venho falar de um assunto com o qual todos nos identificamos: as dificuldades nos relacionamentos da vida. A questão é: como tornar os relacionamentos mais honestos e benéficos possíveis para nosso bem-estar, a evolução da própria consciência e dos seres humanos como um todo?
Portanto, como os relacionamentos são vistos por nós em nosso cotidiano?
Como é possível encontrar alguma luz no caminho diante de tantos best-sellers em relacionamentos disponíveis na atual esquizofrenia da informação?
A única resposta que posso lhes dar meus irmãos e irmãs é um cadinho de informação que considero preciosa pela forma compreensível como estão dispostos tantos conhecimentos a respeito da psique, da espiritualidade e do comportamento dos seres humanos.
Cabe a cada um a escolha sobre o que acreditamos e valorizamos nos outros e em nós mesmos enquanto seres humanos ao termos e matermos nossos relacionamentos.
Diante de qualquer dificuldade, incompreensão na vida, primeiro é preciso aceitar o que não sabemos sobre nós, a vida e o universo, para que possamos começar a tentar entender alguma coisa, observando ainda que pela primeira vez sem um véu de ilusão a cobrir nossos olhos.
Sou grata por essa energia divinal ter chegado até mim ainda tão jovem. Sou grata por estar desperta para esse caminho e venho dividir com vocês as palavras canalizadas por Eva Pierrakos que, juntamente com seus colegas como Judith Saly, canalizou 258 palestras, ao longo de 22 anos, sobre a natureza da realidade psicológica e espiritual e sobre o processo do desenvolvimento espiritual das pessoas.
Essas palestras do seu Guia constituem a base do método psicológico que Eva criou e que chamou de Pathwork, basicamente um Caminho que conduz ao nosso Deus interior pelo confronto entre nossos demônios e nossos anjos, entre os interesses mesquinhos do ego e nossas forças espirituais.
Para que seja possível uma melhor compreensão do assunto ‘relacionamentos’, pela complexidade inerente, assim como no livro Criando União, o capítulo foi dividido em partes. O qual segue.
A Nova Mulher e o Novo Homem
Saudações, caríssimos e amados amigos! Bênçãos para todos os que aqui estão. Esta noite, falarei sobre a evolução da consciência no que diz respeito à mulher e ao relacionamento homem-mulher. Não se pode discutir esse tema sem se observar o desenvolvimento da relação entre os sexos.
O planeta amadurece, e amadurecem também os homens e as mulheres. O que isso significa de fato? Como evoluíram os homens e as mulheres, e para onde vão? Qual é a realização final das mulheres – e dos homens? As mulheres estão conquistando sua maioridade nesta fase histórica; estão saindo da prisão.
Visão Geral Histórica
Na aurora da história, as pessoas desconfiavam de tudo o que fosse ou parecesse diferente, estranho, de fora. A desconfiança em relação ao sexo oposto também era muito forte. Os homens tinham uma desconfiança inata em relação às mulheres, e vice-versa. Cada um parecia ter razão em desconfiar, por causa da atitude desconfiada do outro. Como o homem era fisicamente mais forte, e como a única expressão dos humanos primitivos era física, o homem também se revestiu de uma aura geral de superioridade em relação aos mais fracos.
A desconfiança mútua e o domínio físico do homem manifestavam-se muito abertamente nos períodos primitivos da humanidade. Desde então, esses traços e atitudes permaneceram gravados na consciência das mulheres e dos homens, embora em menor grau. Atualmente, eles podem ter sido suplantados por uma percepção mais realista e mais amadurecida; não precisam se manifestar da mesma forma, mas permanece na psique um canto escuro que precisa ser trazido à consciência e mudado.
Olhando para trás na história, pode-se ver que a espécie, como um todo, fez o que fazem tantas pessoas: conservou uma atitude muito depois de ela já não ter mais sentido.
Os homens conservaram a superioridade muito depois de a força física ter deixado de ser um valor primordial. Outros valores que se aplicam igualmente aos dois sexos surgiram com o avanço do desenvolvimento. Contudo, os homens – e também, com frequência, as mulheres – continuavam a considerar o homem superior e a mulher inferior, e mesmo intelectual e moralmente mais fraca que o homem.
Mas vocês sabem de tudo isso.
À medida que o homem foi deixando de lado seus sentimentos de inferioridade e de fragilidade, fingindo que eles eram inexistentes, ele assumiu uma postura de arrogância e de superioridade com relação aos fisicamente mais fracos. Precisava de escravos para se convencer de seu próprio valor. Isto se aplica aos animais, a povos subjugados em guerras, e também às mulheres. A mulher assumiu uma postura mental e emocional de dependência e, dessa forma, participou ativamente de sua escravização.
O homem temia os fisicamente mais fortes. Quanto mais os temia, maior se tornava o impulso de subjugar os mais fracos. Esse traço humano na pessoa não-esclarecida, que vocês conhecem muito bem nos seus processos interiores, é a compensação. Ela ainda existe na consciência humana. A mulher também não está livre desse traço.
Ao sondar profundamente a própria consciência, vocês encontrarão atitudes semelhantes.
Por que a mulher foi subjugada e teve negado o seu direito natural à auto-expressão, à igualdade mental, emocional e espiritual em relação ao homem, tanto tempo depois que a força física deixou de ser o principal valor de uma pessoa? As mulheres não poderiam ser apenas vítimas do desejo egoísta do homem de se sentir superior e mais forte, de possuí-la como a um objeto.
Qual foi a contribuição dela para essa situação?
Vocês, meus amigos nesta caminhada, já não consideram difícil determinar sob que aspectos não querem ser responsáveis por si mesmos, ou querem ficar aos cuidados de uma figura de autoridade mais forte. De forma semelhante, nos antigos relacionamentos entre homem e mulher, a mulher se colocou no lugar de vítima ao negar sua responsabilidade sobre si mesma; ela preferiu a linha de menor resistência, para poder ficar sob os cuidados de alguém. Ela queria que uma figura de autoridade tomasse decisões em seu lugar e lutasse contra as dificuldades da vida. Ela queria entregar-se ao falso conforto da dependência.
O resultado foi decepcionante; foi um estilo de vida insatisfatório. Todos os equívocos, mais cedo ou mais tarde, têm esse destino. Mas a mulher ainda se abstém de assumir sua quota de responsabilidade. Ela ainda põe toda a culpa no homem.
O movimento da nova mulher contém uma boa dose de verdade, mas é, como todas as abordagens dualistas, uma meia-verdade. A verdade completa é que a mulher, de fato, possui as mesmas faculdades de inteligência, de engenhosidade, de força psíquica e de auto-expressão produtiva que o homem. Alegar o contrário não faz sentido e se tornou um jogo da parte dos homens, que não querem encarar seus sentimentos de fraqueza e inferioridade e, assim, precisam sentir-se superiores às mulheres.
Também é verdade que a mulher, para dar sentido real ao movimento feminista, precisa verificar, dentro de si, a faceta que atraiu a escravização.
Eu me arriscaria a dizer que, quanto mais forte a rebelião e a acusação ao sexo oposto, mais forte também deve ser, dentro da alma de cada mulher, o desejo, não de administrar a própria vida, de ser responsável, mas sim de se apoiar em alguém. Na medida em que ela faz exigências injustas e irrealizáveis, ela se ressente, culpa a autoridade masculina e faz o jogo da vítima.
De forma semelhante, na medida em que o homem não encara seus medos, culpas e fraquezas, ele joga um jogo de poder, de uma forma ou de outra, e depois reclama que a mulher o explora e sobrecarrega. A alma imatura de ambos quer as vantagens sem pagar o preço correspondente: o homem quer a posição de superioridade, mas não ao preço de ter de cuidar de uma parasita. A mulher quer a vantagem de ter alguém que cuide dela, mas não ao preço de ter de perder sua autonomia. Ambos jogam o mesmo jogo, mas hesitam em ver como os dois criaram essa distorção.
O que há por trás dos Estereótipos nos relacionamentos?
Num nível ainda mais profundo de consciência está o oposto do comportamento manifesto. O homem também recua diante da responsabilidade da idade adulta e inveja a posição socialmente aceita da mulher. Ele compensa, exagerando na ênfase ao jogo do poder. A mulher esconde a parte dela que também deseja ser agressiva, poderosa e forte – não apenas no sentido real, mas também nos sentido deturpado. Ela inveja a posição superior do homem. Nos tempos antigos, esse lado precisava ser totalmente reprimido. Era socialmente inaceitável, assim como os desejos secretos do homem. Só recentemente é que essa faceta emergiu, embora continue sendo, muitas vezes, confundida com a autêntica individualidade.
Tanto os homens como as mulheres precisam encontrar uma saída para essa confusão dualista.
Como podem ambos ter satisfação emocional e ser adultos autônomos?
Quando os movimentos, as orientações e as filosofias não levam em conta o quadro como um todo, mas apenas a metade, é impossível reequilibrar a balança. Mesmo que no decorrer da evolução o pêndulo deva oscilar de um extremo a outro, uma compreensão mais profunda pode ajudar a evitar os excessos.
Vocês já sabem que o dualismo se opõe à consciência da união. Na dualidade o homem se sente superior e acredita que a mulher é inferior. Consequentemente, ele explora, mas também se sente explorado por ela. Num relacionamento assim, a satisfação é impossível. A mulher sente que está sendo injustamente explorada pelo homem fisicamente mais forte, e acusa-o de vitimá-la. Ambos deixam de ver o outro lado, onde são de fato muito semelhantes e onde, de forma distorcida, se complementam.
Os dois princípios, o masculino e o feminino, precisam estar representados na pessoa saudável. Porém não ser expressos exatamente da mesma forma no homem e na mulher, pois as diferenças formam um todo complementar. Mas as diferenças não são qualitativas; é preciso que nunca levem ao julgamento de que um é melhor ou mais desenvolvido que o outro.
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