Implante para tratar depressão resistente começa ser aplicado no Brasil

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Pela primeira vez no território brasileiro, dois pacientes serão submetidos à implantação de um dispositivo voltado à estimulação do nervo vago, buscando tratar a depressão resistente.

Até então aplicado para conter crises epilépticas, esse tratamento age diretamente no cérebro.

O implante atua ativando o nervo vago, o qual emite impulsos elétricos ao órgão, impactando neurotransmissores e áreas cerebrais correlatas ao humor.

O Dr. Wuilker Knoner Campos, renomado neurocirurgião e líder da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, comentou sobre a tecnologia.

“Foi percebido que pacientes sofrendo de epilepsia e depressão experimentavam melhoras com o implante. Isso instigou a exploração dos mecanismos neurais que poderiam explicar tal progresso.”

Após pesquisas bem-sucedidas, o dispositivo, produzido pela LivaNova, recebeu autorização para uso em depressões resistentes nos Estados Unidos, Inglaterra e, em 2019, no Brasil.

As operações pioneiras ocorrerão no Hospital SOS Cárdio, em Florianópolis, sob o comando de Knoner Campos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) relatou que o dispositivo, indicado para casos de depressão crônica ou recorrente, poderá ser utilizado por pacientes que não obtiveram êxito em tratamentos convencionais ou que não os toleraram.

A seleção dos pacientes, conduzida pela equipe de psiquiatria do hospital, recaiu sobre indivíduos que previamente não haviam respondido adequadamente a tratamentos estabelecidos para depressão resistente.

Tais intervenções incluem a cetamina, a estimulação magnética transcraniana e a eletroconvulsoterapia.

Como funciona o implante para depressão

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Na prática, a implantação do dispositivo lembra a instalação de um marca-passo popular.

Assim, durante a cirurgia, os profissionais realizam uma incisão abaixo da clavícula ou próxima à axila esquerda para a colocação do implante.

Em seguida, eles fixam os eletrodos no nervo vago esquerdo e os mantém conectados ao gerador através de um condutor sob a pele.

Por meio de uma tablet, os médicos fazem a programação do implante, permitindo adaptações às necessidades do paciente.

Estudos clínicos nos Estados Unidos, envolvendo 795 pacientes ao longo de cinco anos, apresentaram melhoras significativas em 70% dos casos de depressão refratária.

Com recuperação completa de cerca de 40% dos casos.

Devido à significativa proporção de pacientes com depressão resistente (10 a 30% dos casos), o sucesso deste novo tratamento pode ser crucial para enfrentar um dos transtornos mentais mais graves.

Com a depressão prevista para se tornar a principal enfermidade global até 2030, alternativas como essa se tornam ainda mais valiosas na busca por soluções efetivas.

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