Estudo aponta que a solidão aumenta o risco de mortalidade em indivíduos com obesidade
Atualmente, o isolamento social está sendo considerado um fator de risco para a saúde.
E agora, esta pesquisa realizada em 28 países revelou que os brasileiros são os mais solitários do mundo.
Conforme o novo estudo, publicado na JAMA Network Open abordar a solidão e o isolamento social pode reduzir significativamente os riscos de complicações de saúde em pessoas classificadas como obesas.
A solidão é uma realidade global, porém, a descoberta é relevante, pois as pessoas com obesidade a experimentam de forma mais acentuada, relata o documento.
“Até agora, os fatores dietéticos e de estilo de vida têm sido o foco principal na prevenção de doenças relacionadas à obesidade”.
afirmou por e-mail o Dr. Lu Qi, autor principal do estudo.
“Nosso estudo destaca a importância de considerar a saúde social e mental para melhorar a condição de saúde das pessoas com obesidade”, acrescentou Qi. Que é professor e presidente interino do departamento de epidemiologia da Escola de Saúde Pública e Medicina Tropical da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, nos Estados Unidos.
O estudo
A pesquisa analisou dados de quase 400 mil participantes do UK BioBank, um extenso banco de dados biomédicos e recurso de pesquisa de longo prazo.
- Sendo assim, os participantes da pesquisa não apresentavam doenças cardiovasculares no início da coleta de dados.
- E os pesquisadores acompanharam os dados de março de 2006 a novembro de 2021.
- Ao longo desse período, constatou-se que as causas de morte em pessoas classificadas como obesas foram 36% mais baixas naqueles que se sentiam menos solitários e socialmente isolados.
“É hora de integrar fatores sociais e psicológicos com outros elementos, como dieta e estilo de vida, no desenvolvimento de estratégias de intervenção para prevenir complicações relacionadas à obesidade”.
destacou o Dr. Lu Qi.
O isolamento social mostrou-se um fator de risco maior para todas as causas de mortalidade, incluindo câncer e doenças cardiovasculares.
E isso, em comparação com a depressão, ansiedade e fatores de risco de estilo de vida, como álcool, exercício e dieta, conforme o estudo.
O Dr. Philipp Scherer, professor de medicina interna da Universidade do Texas, não envolvido no estudo, comentou que embora os resultados não sejam surpreendentes, apontam para a melhoria do “isolamento social como um possível remédio para a redução da mortalidade”.
A solidão, embora às vezes menos discutida do que dieta ou exercício, tem sido reconhecida cada vez mais como um fator de risco significativo para maus resultados de saúde.
Um estudo de junho de 2023, constatou que pessoas socialmente isoladas tinham 32% mais chances de morrer precocemente. Neste caso, quando comparadas com aquelas que não se sentiam isoladas.
Turhan Canli, professor de neurociência integrativa na Universidade de Nova York, que não participou do estudo mais recente, explicou que a solidão pode agir como uma forma de estresse crônico, afetando negativamente o corpo por meio de hormônios do estresse.
A relação entre solidão e resultados adversos de saúde pode também estar relacionada à menor probabilidade de pessoas isoladas socialmente receberem cuidados médicos. Ou ainda, estar correlacionada a hábitos pouco saudáveis, como tabagismo e consumo de álcool, acrescentou Canli.
“Considere manter uma vida social como uma atividade em prol da saúde: assim como exercícios regulares e uma boa alimentação, cuidar de si mesmo”, sugeriu Canli.
Para combater a solidão, Rachael Benjamin, assistente social clínica licenciada baseada na cidade de Nova Iorque, aconselha olhar para dentro e questionar se há formas de isolamento por proteção ou hábito.
Ela recomenda criar o hábito de se conectar regularmente com as pessoas, mesmo que inicialmente desconfortável.
Por último, Benjamin destaca que não se deve se preocupar se levar um tempo para formar relacionamentos sólidos. Pois, conexões de qualidade demandam tempo, trabalho e esforço.
Fonte: CNN Brasil