A música eletrônica tem o poder de modificar o seu estado de consciência, levando o seu cérebro a sincronizar com suas frequências e influenciando sua velocidade de reação e senso de identidade.
Pesquisadores espanhóis descobriram que a música eletrônica vai além de simples batidas em uma festa.
Ela tem a capacidade de desviar sua mente do estado mental usual, alterando sua maneira de pensar, sentir e perceber o ambiente ao seu redor.
Um estado alterado de consciência não se resume apenas a um transe hipnótico ou uma viagem psicodélica.
Considera-se uma alteração da consciência qualquer mudança significativa do estado de vigília e alerta.
Diversos fatores podem desencadear essas mudanças em diferentes níveis, como sono, meditação, uso de substâncias e até mesmo música.
Enquanto o sono e o uso de substâncias provocam mudanças na química cerebral, a meditação influencia principalmente por meio de fatores psicológicos, já a música é uma manifestação no ambiente externo que afeta a consciência.
A princípio, isso não é uma novidade, pois, a música vem sendo amplamente utilizada para induzir alterações de estado mental.
Desde coros em igrejas até músicas relaxantes no YouTube para estudar, as pessoas estão utilizando músicas para evocar mudanças no senso de identidade, estimular o fluxo de pensamentos e intensificar emoções.
Assim, neste estudo recente, pesquisadores espanhóis investigaram se essas mudanças cerebrais estariam acontecendo através do fenômeno conhecido como “arrastamento” das ondas cerebrais.
Arrastamento de ondas cerebrais
Isso ocorre quando estímulos externos periódicos ditam a frequência da atividade elétrica cerebral, fazendo com que o cérebro se sincronize com o ritmo desses estímulos.
Para testar essa hipótese, os pesquisadores recrutaram 19 participantes, entre 18 e 22 anos de idade, e os submeteram a seis trechos de música eletrônica com diferentes andamentos comuns do gênero.
Usando eletrodos para medir a atividade elétrica cerebral, os pesquisadores observaram uma sincronização da música com a atividade cerebral em todos os andamentos.
Sendo mais evidente em um andamento específico.
Além disso, os participantes responderam a questionários para avaliar seu estado de consciência, incluindo mudanças em seu senso de identidade.
E, também, realizaram tarefas para medir seu foco e tempo de reação.
Os resultados mostraram que a diferença na sincronia entre os diferentes andamentos da música eletrônica estava diretamente relacionada às diferenças no tempo de reação dos participantes.
Isso sugere que a sincronia entre a música e a atividade cerebral pode afetar o desempenho cognitivo.
Os pesquisadores planejam realizar estudos adicionais para entender melhor como essa sincronia afeta a consciência.
E além disso, explorar a influência de características individuais, como o conhecimento musical, no fenômeno do arrastamento cerebral.
Compreender os mecanismos por trás dos estados alterados de consciência pode ter implicações importantes para o tratamento de condições como coma e estresse.
E portanto, de oferecer possibilidades terapêuticas para reduzir o estresse e promover o bem-estar mental.