Especialista orienta sobre o que os sonhos e pesadelos revelam a respeito de sua saúde e bem-estar
Ter uma boa noite de sono e a capacidade de sonhar são hábitos essenciais para manter a saúde e impulsionar a criatividade, o que é fundamental para o avanço da humanidade.
Para além do fascínio e mistério que os sonhos e pesadelos despertam, é importante não subestimar o papel deles na saúde.
Além de ajudarem na consolidação da memória, as experiências oníricas também influenciam diretamente o aprendizado humano.
Segundo o médico Gabriel Pires, pesquisador do Instituto do Sono, os sonhos podem ser úteis para identificar problemas no sono e até distúrbios psiquiátricos, como a esquizofrenia.
Ao analisar o que o paciente se recorda de suas noites, os médicos podem auxiliar no diagnóstico.
Por exemplo, se alguém se lembra de múltiplos sonhos todas as noites, pode indicar sono fragmentado, como ocorre durante a gestação devido aos hormônios e desconforto físico.
Se o sono de má qualidade se torna frequente, a imunidade fica enfraquecida, a memória é afetada e há maior risco de depressão e obesidade.
O neurocientista Sidarta Ribeiro, do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, explica que dormir e sonhar aumentam a plasticidade neural, a capacidade do sistema nervoso de se adaptar a novas experiências.
Além disso, durante o sono, ocorre a desintoxicação do cérebro, eliminando o lixo molecular acumulado enquanto estamos acordados.
Ele também ressalta outra vantagem dos sonhos: a evolução do ser humano.
Acredita-se que a explosão de conhecimento na humanidade tenha acontecido em parte porque, ao longo de milhões de anos, a humanidade dormia e acreditava que os sonhos eram reais.
Os sonhos seriam uma ferramenta biológica poderosa para prever o futuro, e prestando mais atenção a eles, talvez pudéssemos compreender melhor as consequências negativas do mundo atual.
Mas o que fazer quando os sonhos são negativos?
Cada pessoa tem uma percepção única do que é um pesadelo, mas a ciência considera como tal as experiências que causam ou relembram episódios ruins, podendo influenciar distúrbios psicológicos.
Pesadelos recorrentes devem ser tratados, pois podem ser sintomas de ansiedade, depressão ou transtorno de estresse pós-traumático. Nesse caso, é importante tratá-los da mesma maneira que se trata os traumas.
Outro incômodo preocupante é o distúrbio comportamental do sono REM, que faz com que os movimentos realizados no sonho sejam manifestados na realidade.
Por exemplo, a pessoa sonha que está dando um tapa e acaba realmente dando um tapa na cama. Esse distúrbio está principalmente associado a situações de agressividade.
Sonhos lúcidos também despertam interesse
São aqueles em que o indivíduo tem consciência de estar sonhando.
Há séculos, povos ameríndios, indígenas e tibetanos já sabiam como controlar essas experiências oníricas.
A ocorrência de sonhos lúcidos está ligada a substâncias químicas inibidoras da enzima acetilcolinesterase, que ativam o neurotransmissor acetilcolina.
Pesquisadores mostraram que durante os sonhos lúcidos ocorre uma intensificação de ondas cerebrais rápidas no córtex pré-frontal, em comparação com o sono REM não lúcido.
Embora quase todo mundo vivencie um sonho lúcido, para tê-los regularmente, é necessário ter uma genética particular, ainda desconhecida, ou passar por muito treinamento.
Acima de tudo, estudar os sonhos lúcidos pode contribuir para o tratamento de condições como esquizofrenia, depressão e estresse pós-traumático.
Portanto, revelando-se uma área de investigação científica promissora, conforme apontado por uma pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 2018.
Com informações de Revista Galileu.