Anticoncepcional pode afetar área do cérebro ligada ao medo, revela estudo

Anticoncepcional pode afetar o cérebro; anticoncepcionais oral mais comuns afetam cortex cerebral das mulheres; uso de anticoncepcional pode afetar área do cérebro ligada ao medo; mulheres podem ter mais medo e estresse associado ao uso de anticoncepcional oral

Pesquisadores descobriram que mulheres saudáveis que utilizam anticoncepcional oral podem apresentar mudanças no córtex pré-frontal ventromedial, uma região do cérebro associada ao processamento do medo. Isso, de acordo com um novo estudo publicado hoje (7) no periódico Frontiers.

Cientistas das universidades de Quebec e Montreal, no Canadá, examinaram os contraceptivos orais mais comuns: os Anticoncepcionais Orais Combinados, compostos por hormônios sintéticos.

Então, buscaram compreender os efeitos imediatos e a longo prazo do uso de anticoncepcional. Bem como, investigar a influência dos hormônios sexuais naturais e sintéticos nas áreas cerebrais envolvidas no controle do medo.

Anticoncepcional e seus efeitos no cérebro das mulheres

“Em nosso estudo, demonstramos que mulheres saudáveis que usam atualmente AOCs tinham um córtex pré-frontal ventromedial mais fino do que os homens.”

Alexandra Brouillard, pesquisadora da Universidade do Quebec em Montreal e autora principal do estudo.

Ela acrescentou que essa área do cérebro desempenha um papel na regulação das emoções, reduzindo a resposta ao medo em situações seguras. “Nossos resultados podem indicar um mecanismo pelo qual os AOCs podem afetar a regulação emocional em mulheres”, afirmou.

A princípio, as pesquisas indicaram que as mulheres têm uma tendência maior do que os homens a experimentar transtornos de ansiedade e estresse. Assim, Brouillard e sua equipe compararam homens e mulheres para avaliar se o uso de anticoncepcional estava associado a alterações cerebrais a curto ou longo prazo e se havia diferenças entre os gêneros.

O estudo incluiu adultos saudáveis com idades entre 23 e 35 anos, dos quais 41 eram homens e 139 eram mulheres. Entre as participantes, 62 estavam usando AOCs atualmente, 37 haviam utilizado anticoncepcional no passado e 40 nunca tinham usado contraceptivos hormonais.

Os pesquisadores analisaram os níveis de hormônios sexuais naturais e sintéticos na saliva dos participantes e utilizaram imagens de ressonância magnética para examinar seus cérebros, focando especificamente nas áreas relacionadas ao processamento do medo.

Resultados

Brouillard observou: “Nossos resultados sugerem que o uso de AOCs pode representar um fator de risco para deficiências na regulação emocional durante o uso atual, devido à redução da espessura cortical no córtex pré-frontal ventromedial em mulheres em comparação com os homens.”

Felizmente, os pesquisadores enfatizam que os efeitos do uso de AOCs podem ser reversíveis após a interrupção do tratamento. Eles não observaram efeitos duradouros na região cerebral associada à regulação emocional em ex-usuárias do medicamento, sugerindo que não há consequências a longo prazo.

No entanto, os pesquisadores ressaltam a necessidade de confirmar essas descobertas em futuras pesquisas. Além disso, eles destacam que não é possível estabelecer uma relação causal entre o uso de contraceptivos e a morfologia cerebral, e a generalização dos resultados para a população em geral pode ser limitada.

Atualmente, mais de 150 milhões de mulheres em todo o mundo usam contraceptivos orais. Brouillard observa: “Quando os AOCs são prescritos, as mulheres recebem informações sobre os efeitos colaterais físicos, como a supressão do ciclo menstrual e da ovulação pelos hormônios que estarão tomando. No entanto, os efeitos dos hormônios sexuais no desenvolvimento cerebral, que continua até a idade adulta jovem, raramente são discutidos.”

Dado o amplo uso desses contraceptivos, os pesquisadores enfatizam a importância de uma compreensão mais aprofundada de seus impactos na anatomia cerebral e na regulação emocional. Brouillard conclui: “Nosso objetivo não é desencorajar o uso de AOCs, mas é crucial estar ciente de que esses medicamentos podem afetar o cérebro.”

Via: Science Alert

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